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Artigos de Soraya Maia

(publicados também no Linkedin e no Spotify)

"A luz do ser brilha de volta para o originário, o verdadeiro. O sinal impresso do coração paira no espaço, brilha puro o luar. A canoa da vida chegou à margem, clara cintila a luz do sol." Carl Gustav Jung

 

 

Sweet Petals

Podcast gravado em estado de Samādhi em 5 de novembro de 2023.

Soraya Maia

Ajna Chakra sob o olhar de Carl Gustav Jung

Podcast gravado em estado de Samādhi em 20 de agosto de 2023.

Soraya Maia

Power of Love

Podcast gravado em estado de Samādhi em 20 de agosto de 2023.

Soraya Maia

Mentoring Oceânico, Mentoring Educacional, Mentoring de Relacionamento, Mentoring Pessoal, Mentoring Esportivo, Mentoring Empresarial e Feedbacks

Podcast sobre os Processos de Maha Mentoring, gravado em março de 2023.

Soraya Maia

Relatos de Mentoring Educacional Familiar e Relatos de Mentoring Pessoal 

Podcast gravado em estado de Samādhi em fevereiro de 2023.

Soraya Maia

Em Samādhi...

Podcast gravado em estado de Samādhi em fevereiro de 2023.

Soraya Maia

Celebration 12  years of Maha Mentoring, The Creative Power of Samādhi

Podcast gravado em estado de Samādhi em novembro de 2022.

Soraya Maia

The Creative Power of Samādhi, Awakening Your Kuṇḍalinī...

Podcast sobre o Processo do Maha Mentoring. Gravado em estado de Samādhi em 25 de agosto de 2022.

Soraya Maia

Sacred Scripture of the Trika lineage, In the True Nature of Reality

Agosto de 2022

Podcast com a Tradução de alguns Versos da escritura tântrica Kaula Trika que assume a forma de um diálogo entre Bhairava e Bhairavī. 

In the light of the heart...

Soraya Maia
 

The Secret Tradition, In Waves of Ecstasy 

Agosto de 2022

 

Podcast com a Tradução de algumas partes do Livro Tantra Iluminado. Krama, também conhecido como Rahasyāmnāya, "the secret tradition".

In Waves of Ecstasy...

Soraya Maia

In Waves of Pleasure

Abril de 2022

 

In the Breeze of Love...

Soraya Maia

Kuṇḍalinī, A Consciência Desperta

Março de 2022

Esse texto é um resumo dos estudos sobre Tantrik da linha Trika Non-dual Shaivism of Kashmir com tradução dos textos de um dos meus Mestres na UFRJ em 2011 da Literatura Tantrik, Chirstopher D. Wallis.

 

kuṇḍalinī é uma palavra sânscrita que significa 'enrolado', apareceu pela primeira vez em textos tântricos cerca de 1.300 anos atrás e não apareceu em nenhum outro tipo de literatura por vários séculos depois. No texto Kaula Trika muito antigo chamado “Siddha-yogeśvarī-mata” (A Doutrina dos Siddhas e Yoginīs) e no “Kālottara” (Transcendência do Tempo), que é uma escritura de Shaiva Siddhānta aparece o primeiro uso documentado da palavra kuṇḍalinī. As duas correntes principais da tradição clássica, que eram em muitos aspectos opostas: a não-dualista, adoradora de deusas, a tradição Kaula, e a corrente dualista de adoração a Shiva congruente com os Vedas. Kuṇḍalinī era, em sua origem, uma doutrina exclusivamente tântrica. Não é encontrado em nenhuma fonte pré-tântrica: nem nos Vedas, nem nos Upanishads, nem nos seis Darshanas. Kuṇḍalinī é, originalmente, um ensinamento puramente tântrico que se originou nos textos e tradições do Shaiva Tantra.

 

O Siddha-yogeśvarī-mata é um texto Trika antigo, e nesse verso explica que a Kuṇḍalinī é proclamada como a jagad-yoni, o útero do universo, a fonte do mundo. Kuṇḍalinī é a fonte das três Shaktis primárias, as três deusas do Trika e os três poderes de querer, conhecer e agir e é a fonte de todas as letras sânscritas.

Desde o início é o nome da matriz geradora do universo, a própria Deusa, como um poder linguístico e mântrico. No Tantra clássico o Enrolado Primordial é fundido com o ‘sol’ (canal piṅgalā), ‘lua’ (canal iḍā) e ‘fogo’ (o suṣumnā ou canal central). Ela deve ser visualizada e experimentada na região do coração que são onde esses três canais convergem e permanece lá com a aparência de um broto enrolado.

 

The Recognition Sutras: “Aquele que experimenta essa imersão no Poder Divino que ocorre devido à descida da energia superior e a contração benéfica do poder inferior é verdadeiramente sábio.”

No Tantra clássico, há uma doutrina de duas Kuṇḍalinīs: uma Kuṇḍalinī superior na coroa da cabeça, que deve ser trazida para baixo em direção ao coração, e uma Kuṇḍalinī inferior na base do corpo, muitas vezes associada à energia sexual, que deve ser 'comprimido' e encorajado a se levantar. As duas Kuṇḍalinīs, devem se encontrar e se fundir no canal central e assim se tornar uma Kuṇḍalinī, causando a estabilização da consciência desperta.

No Haṭha-yoga, essa doutrina foi perdida, e assim o Haṭha-yoga explica atualmente como um poder adormecido na base da coluna que precisa ser impulsionado para cima até atingir a coroa da cabeça, que é o fim de sua jornada. Isso é completamente diferente das fontes tântricas clássicas. Na perspectiva tântrica não-dual, essa visão do Haṭha-yoga está desequilibrada e é perigosa, porque incentiva um movimento ascendente implacável. As autoridades tântricas não ficariam surpresas ao saber que os praticantes modernos que empurram sua Kuṇḍalinī implacavelmente para cima geralmente têm surtos psicóticos.

Já no Tantra clássico, em The Recognition Sutras sugere que a condição humana normal não é integrada. A integração primária, então, é unir a Kuṇḍalinī superior com a Kuṇḍalinī inferior. No versículo Kaula, há duas causas da imersão divina especificadas: cada uma é necessária, mas não é suficiente sem a outra. O verso diz que a Kuṇḍalinī Superior precisa descer, e a Kuṇḍalinī inferior deve ser contraída ou comprimida, o que efetivamente a bombeia para cima. O verso sugere que se você puder criar as condições que facilitem a descida da Kuṇḍalinī superior e realizar as práticas que criam a compressão e pulsação da Kuṇḍalinī inferior, então você experimentará o que é chamado de rudra-śakti-samāveśa. Isso significa imersão experiencial no poder mais intenso da consciência desperta. rudra-śakti significa literalmente poder divino. É também um termo especializado, onde rudra se refere a algo feroz ou intenso. Quando rudra-śakti-samāveśa é experimentado, você está totalmente banhado e imerso em energia divina intensificada devido à fusão das duas Kuṇḍalinīs. Você se torna uma pessoa verdadeiramente 'sábia', de acordo com o versículo, mas isso não é sabedoria intelectual - é uma visão da verdadeira natureza da realidade.” Chirstopher D. Wallis

 

Ele explica que a forma mais antiga de Kuṇḍalinī yoga se concentrava na pausa da respiração, principalmente a pausa no final da inspiração. Se você fizer uma pausa longa o suficiente, a energia de prāṇa-śakti se enrola em antecipação ao próximo ciclo de respiração e a respiração entra e desce até a barriga e então, se você segurar o prāṇa-śakti lá, ele se enrola no umbigo e também pode se enrolar no nível do coração.  Se você pausar um pouco mais do que parece natural, o “enrolamento” se intensifica em antecipação à expiração,  mas a chave é induzi-la a entrar no canal central, que é perfeitamente reto, em oposição aos canais laterais curvos. Então você tem acesso à energia Kuṇḍalinī superior que mora eternamente no topo da cabeça, e ela pode fluir para baixo e se fundir com a Kuṇḍalinī inferior até que você tenha uma Kuṇḍalinī se movendo no canal central. Ai então você finalmente está totalmente vivo. Você alcança uma vivacidade tão vibrante, tão vívida, tão completa, que sua vida anterior lhe parece ter sido algo como um sonambulismo. Quando as duas Kuṇḍalinīs se unem e se movem no canal central, você experimenta esta absoluta e plena vivacidade, plena consciência e plena presença, em comparação com a qual o que você pensava ser vivacidade estava apenas cambaleando em um torpor semiconsciente.

No versículo 154 afirma que o prāṇa sai na expiração, a força vital entra na inspiração e forma uma espiral, como uma mola, pelo poder da Vontade, e essa grande Deusa [Kuṇḍalinī] alonga pelo mesmo poder. Diz-se que ela é “tanto transcendente quanto imanente”. Esse ensinamento sobre Kuṇḍalinī ainda era tão secreto naquela época que muitas vezes a própria palavra nem era usada...

 

O grande mestre Abhinavagupta ensinou que na verdade existem três Kuṇḍalinīs: parā-kuṇḍalinī (na coroa), kula-kuṇḍalinī (no coração) e prāṇa-kuṇḍalinī (na base). Muitas pessoas que experimentaram o que chamam de “despertar da Kundalini” experimentaram apenas o terceiro desses três.

 

“Devido à descida do poder superior, à contração do poder inferior e ao despertar do poder central, surge a alegria suprema.” Goraksha

 

Chirstopher D. Wallis explica as fases do Despertar:

“Despertar implica perder algo, especificamente suas crenças profundamente condicionadas sobre quem você é e o que o mundo é, e ganhar nada além da clareza de visão que naturalmente resulta dessa perda. Nesse sentido, pode ser comparada à cirurgia que remove uma catarata do olho:

1: Ao ver que “eu” é uma construção mental, pode-se reagir com medo e resistência repentinos, ou pode-se experimentar subitamente um estado de puro ser, que também poderíamos chamar de presença-consciência.

2: Acordar da sobreposição conceitual inconsciente.

3: Acordar do sonho de separação. Você desperta para a verdade sempre já existente da unidade perfeita com tudo o que é. Para ser tecnicamente preciso, você não atinge a unidade, você reconhece experiencialmente que nunca esteve separado de nada. Absorver totalmente as implicações disso é uma mudança permanente de paradigma.

4: Todos os fenômenos tomados em conjunto são percebidos como uma pequena ondulação na superfície de um oceano de infinita quietude. Se tem a sensação de que tudo o que morre ou se dissolve não desaparece de fato, mas se funde de volta ao fundamento do ser, do qual pode emergir mais uma vez nos vastos ciclos do tempo infinito. Eles têm a qualidade experiencial de serem cada vez mais despojados, deixando a realidade totalmente desnudada, dura e ainda de alguma forma muito mais vívida. Inefavelmente brilhando. Alguns chamam isso de “consciência nua”.

 

O despertar é uma mudança de paradigma que oblitera todas as suas histórias e ideias sobre a realidade e o lança em um modo de ser indescritível no qual o único verdadeiro conhecimento é predicado em desconhecer tudo o que você sempre pensou que sabia. Esse saber experiencial não conceitual é uma espécie de imediatismo espontâneo em que a distinção entre saber e ser desmorona, resultando em intimidade crua e vívida com absolutamente tudo, livre da necessidade de compreendê-lo ou interpretá-lo e livre da necessidade de aceitá-lo ou rejeitá-lo.

Você não pode mais mentir para si mesmo efetivamente. Assim, alguns que entram no processo de despertar descobrem que foram terrivelmente infelizes com seu casamento ou sua carreira, mas conseguiram se convencer de que isso é apenas a vida. É por isso que, em alguns casos, a vida de uma pessoa pode parecer desmoronar nos estágios iniciais do despertar. E por isso a pessoa precisa de uma terapia com alguém DESPERTO. Há algo nessa mudança de paradigma chamada despertar que o compele à verdade, às vezes quase contra sua vontade.” Chirstopher D. Wallis

 

Despertar não é uma experiência, é uma mudança de paradigma que reconfigura a maneira como você experimenta tudo. O processo de despertar espiritual produz transformações que podem ser observadas na experiência subjetiva e na psicologia de quem a vivencia. O significado da palavra Bodha que significa simplesmente “DESPERTADO”...

 

In Ecstasy, Bodha...

 

Soraya Maia

Awakening Your Soul

Come Surf This Wave, In Waves Of Awareness

Outubro de 2021

Carl Gustav Jung definiu como INDIVIDUAÇÃO o processo onde o ser humano chega ao autoconhecimento, através do contato com o seu inconsciente pessoal (integrando as sombras) e o inconsciente coletivo. E o objetivo final desse processo é a chegada ao SELF (centro da personalidade), se realizando como individualidade.

 

É um mergulho interno na direção da sua essência e mesmo acompanhado de um Mentor não é um processo simples, por isso tem que se entregar nesse mergulho, surfar as ondas e esperar a essência desabrochar e aí sim surfar a melhor onda que é a essência em êxtase.

 

E quando você surfar essa onda da essência, vai saber que a presença, o SELF é você. Ai então vai ser conduzido por ele e começar a trilhar esse caminho, podendo enfim ter uma personalidade integrada e equilibrada. E nesse caminho, nessas ondas você desenvolve uma visão clara de como cultivar a habilidade de ver as coisas pelo que realmente são. O processo da alma despertando “AWAKENING SOUL”, é uma alquimia, é começar a tornar-se um ser único, uma singularidade profunda, é a totalidade psíquica do ser humano no processo de integração.

Segundo Carl Gustav Jung, a Kundaliní é representada como uma serpente que fica adormecida no chakra Muladhara, sendo ela uma manifestação no microcosmo da energia primordial do universo. E quando ela é despertada sobe pelos nadis, por onde circula a força vital.

Jung vê no despertar da kundaliní o despertar dos deuses, o início da relação ego-Self. Para iniciarmos este processo temos de ressoar com o Self e só depois do enraizamento em solo pessoal (muladhara) pode-se iniciar a relação com os deuses, o ego começa a perceber um poder além dele mesmo e entra em contato com a dualidade da psicologia humana.

 

"...o processo de individuação é, psiquicamente, um fenômeno-limite que necessita de condições especiais para se tornar consciente. Talvez seja a primeira etapa do caminho de uma longa evolução que deve ser percorrida por uma humanidade futura..." Carl Gustav Jung; A natureza da psique.

Alquimia é um processo de transformação da psique que unifica o Self (Si-Mesmo) que é o centro ordenador e unificador da psique total (consciente e inconsciente).

Carl Gustav Jung fez várias interpretações sobre os Upanishads e o Rig Veda e Jung explica as interpretações simbólicas dos chakras e estabelece um encontro entre o sistema de chakras e a Psicologia Analítica. Ele explica a Kundaliní como fonte de representação simbólica da experiência interna e do processo de individuação.

Jung explica sobre a Realização (Plenitude ou Samādhi):

"Tudo aquilo que se torna consciente é imagem e imagem é alma, não sou eu que vivo, mas sou vivido. Em certo sentido, trata-se de sentir que somos substituídos, sem ser destruídos, é como se o rumo dos assuntos da vida se deslocassem em direção a um lugar central e invisível, como a metáfora de Nietzsche: "Livre na mais amorosa das prisões."

O olhar daquele que atinge a realização se volta para o esplendor da natureza. Todo processo se realiza no plexo solar, o desfecho da meditação leva necessariamente à dissolução de todas as diferenças numa realidade última e vital, sem dualidade, retorna ao UNO (prana), o TAO. O coração fica entre o Sol e a Lua, entre os olhos, na sala purpúrea da cidade de jade mora o Deus da vitalidade. Quando se é capaz de uma completa tranquilidade, o coração se manifesta por si mesmo. Quando a lua de prata se acha no meio do céu e se tem a impressão de que a grande terra é um mundo de luz e claridade, isto é o sinal que o corpo do coração se abre para a lucidez, de que a flor de ouro desabrocha, o Sol se põe na grande água..." 

 

O Maha Mentoring é feito através de um processo presencial ou online de 10 sessões de 50 minutos cada e depois desse período, o processo é feito através de Ciclos de sessões dentro de cada mês, onde você escolhe se vai fazer a Mentoria 1x por semana, 2x ou 3x na semana.

Cada um é um Ser único e cada um precisa de um tempo diferente para trabalhar e curar o que precisa. Viver consciente é uma escolha e atingir metas no caminho do autoconhecimento e a autorrealização também é uma escolha. E essa decisão é somente sua, só você pode fazer esse mergulho interno, expandir a sua consciência (Awareness) e o tempo que você investe nesse mergulho é você que define, mas o único caminho da individuação é somente esse: “AWAKENING SOUL” (Kundalini/Self/Indivuduação).

 

Come Surf This Wave, In Waves Of Awareness...

Soraya Maia

Blessings Journey, Awake Soul

Outubro de 2021

“Aquele que conhece esta Semente do Coração como ela realmente é, e fica imerso nela, é verdadeiramente iniciado por meio dessa imersão apenas e se torna liberado enquanto vive, enquanto parece existir como qualquer pessoa comum”. Abhinavagupta


Saktipāta é feita por meio da descida do Poder de Śiva-Śakti, da descida direto da fonte, do universo.
A verdade é que quem Despertou (AWAKE SOUL) ou está passando pelo processo de Despertar da Essência (Individuação, segundo Carl Gustav Jung) em algum momento vai ter essa sacada, através de uma Mentoria e terapia da linha Junguiana e que entenda ou tenha passado pelo processo de Individuação. Porque não adianta querer fazer uma terapia para Despertar a essência com um terapeuta Junguiano que não saiba como é o processo de sombra e luz que é importante e que todos passam no processo, pois não existe Luz sem Sombra.


No processo que aplico de Despertar da essência (Awake Soul) e da energia evolutiva do amor consciente, é realmente só para quem quer viver consciente e atingir metas no caminho do autoconhecimento e autorrealização. O processo não é um caminho simples, tem que ter entrega e querer despertar o SELF, a individuação segundo Carl Gustav Jung. 
"Você não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas sim ao tornar a escuridão consciente." Carl Gustav Jung


A sensação depois que despertamos (kundaliní/Self/essência/individuação) é que quando estamos AWAKE (Despertos) estamos "VIVOS" de verdade e quando estamos em estado normal (Não despertos) estamos "MORTOS". 
Esse caminho é só para os Revolucionários, para os que tem coragem (vem do latim e significa agir com o coração), esse caminho os fracos não tem vez, porque não aguentam, não suportam o chacoalho da serpente, por isso que muitos textos como os do Carl Gustav Jung avisam o perigo do Despertar da essência. E é por isso que vivemos num mundo onde uns são "VIVOS AWAKE" e outros são "MORTOS VIVOS". E se você quer acordar e viver consciente, vai ter que sentar e meditar, não existe outro caminho para a individuação.
Experenciar a energia do amor consciente, a essência na mais pura plenitude é um caminho evolucionário e só é possível através de meditação.


O despertar da Kundaliní é o objetivo de qualquer prática do yoga e das disciplinas espirituais, é basicamente tântrico em sua origem e age através da união da psique com a matéria e da mente com o corpo físico, tendo a transformação da personalidade em um sentido evolucionário de supraconsciência.
Essa união de “Śiva-Śakti”, primeiro é sentida dentro do seu SER, essa dança é interna quando você realiza o processo de individuação sozinho, quando se torna um SER inteiro. E só depois ao encontrar outro ser inteiro, que também passou pelo processo de individuação, pode ter essa experiência da união mística (Śiva-Śakti). E quando dois inteiros estiverem unidos, podem experienciar juntos “Śiva-Śakti”.


“Assim como a Mais Alta Divindade, através da liberdade desenfreada de seu próprio Ser, pode ocultar sua glória, da mesma forma ela será inevitavelmente revelada também.” Abhinavagupta


De 2010 até 2015 escrevi esse diário, relatando o processo e o estudo do despertar da essência (Awakening Soul). Todo esse processo é feito acompanhado da meditação e agora em 2021, 11 anos depois decidi revelar um pequeno pedaço desse processo de amor pleno, e de êxtase...

 

Awakening Soul:
 

2010
"Estou tendo algum processo de vibração corporal e não sei o que é...sentindo paz interior e realização cósmica... "

 

2011
"A energia cósmica passa pela coluna, e sobe...depois parece que se espalha como uma corrente elétrica pelas costas toda."
"No plexo solar vai subindo até o coração ou às vezes fica ali a energia circulando no plexo solar. "
"Senti uma corrente elétrica pela coluna e perto do pescoço, a escápula e quando chega aqui parece um brilho, um formigamento gostoso de sentir. "
"No coração fica vibrando ali no meio do chakra, algo como um ronronar de um gato, um motor ligado com som."
"Geralmente de dia e de tarde é no coração e de noite é pela coluna e irradiando pelas costas e muitas vezes pelo corpo inteiro."
"Passando por luz e sombra e quando a Lua Cheia entra aumenta a vibração no coração e nas costas mais forte."
"As vibrações aumentam e ficam por 2 a 3 horas direto no coração, nas costas e no abdômen."
"Todos os dias sinto a vibração e tem dias que o corpo todo vibra e não durmo porque a vibração não para."
"É uma sensação de que minha alma sabe, sente e me diz como é. Ela me faz experimentar algo que ela conhece e eu apenas experimento, mas ela sabe, já vivenciou isso, eu não, ela está me dando esse prazer agora, nessa vida."
"Um corpo pleno de prazer e é gostoso estar nesse corpo, o prazer que é. O prazer do Ser."
"No “aqui e agora”, In Śiva-Śakti..."


2012
"Amor é luz, é uma consciência onde descobrimos a realidade que é única e conseguimos ver o que não olhamos na sombra. É Luz da consciência plena que só quem ama pode saber. Amor é iluminação."
"Me dissolvo em você Shiva, e tudo vira luz, sol...é muita luz. Algo como um Pas de Deux Cósmico...em êxtase..."
"A experiência da Kundaliní (SELF/INDIVIDUAÇÃO) enquanto manifestação da Deusa é uma sensação de ser a própria Deusa em êxtase profundo, aqui e agora é liberdade, uma outra dimensão. Um prazer incomensurável."
"Parece uma cobra chacoalhando aqui dentro."
"Apesar de momentos difíceis, de ficar assustada com a energia no corpo, o meu ser consegue entrar em amor, luz e vibração. Choro e sinto gratidão pela energia da Deusa Mãe Durga e sinto o amor."
"Ela se move involuntariamente, não tenho controle sobre ela, é entrega de corpo e alma."
"Quando gira a roda do coração, parece que entra a Divina Presença e ela decide o que vou fazer. Algo como 2 pessoas, eu e a presença em mim, e essa presença que vem quando a Roda gira é melhor do que eu, é paz, é essência."
"Sempre vibrando principalmente na parte do chakra do coração e sobe, parece que tem uma caixa de som aqui dentro, um ronronar, um borbulhar..."
"Sinto amor, ondulações de ondas pelo corpo e no plexo solar se move como uma respiração involuntária, sinto a vibração no coração, e uma cachoeira aqui no coração jorrando para cima."
"Parecem ondas do mar, e espuma aqui dentro. Sinto na testa algumas vezes, e comecei a sentir na cabeça é como um ventinho bom, um arzinho bom, uma vibração, primeiro de um lado, depois de outro e depois de uns dias na cabeça toda."
"Em ondas como um Swell, o coração é UM com o universo que flui da fusão de “Śiva-Śakti”, o coração incorpora o néctar do absoluto que é onde ele mora. Um dissolver-se na essência, em som, luz e raios... "
"Em êxtase..."

 

2013
"Experiência de sentir momentos VIVA e momentos MORTA, viva quando a energia chega, a vibração chega, e morta os momentos que a energia não circula pelo corpo."
"Quando a sepente chacoalha seu susurro é doce...puro êxtase..ai eu sento para meditar e sentir a plenitude..."
"Sensação de flutuar...uma dança cósmica...às vezes ela sobe rápido e outras mais suave..."

 

2014
"A chama, a luz vibra e ilumina, sinto a presença mais forte. A chama acende a todo momento."
"Um motor aqui dentro irradia para cima, uma cachoeira que jorra para cima e sai pela cabeça...Blessings..."
"Vibração forte, a alma vivendo na plenitude e meu corpo experimenta a plenitude da minha alma."
"Meu coração vibra, e como pétalas que se abrem, abrindo aqui dentro sem parar... O corpo em êxtase...som em vibrações..."
"O corpo entra em estado de vibração em ondulações onde perco totalmente o controle, o prazer passa a tomar conta depois do chacoalhar da serpente, e os fogos... como fogos de artifício explodem e se espalham pelas costas...em êxtase."

 

2015
"Sem quase nenhum momento de escuridão mais, os que aparecem são breves."
"A vibração no coração é como ondas do mar, algo como um swell e que toma o corpo todo, ondas de prazer, ondas de êxtase."
"A energia faz parte de mim, aprendi a aceitar e me adaptar. Eu me tornei ela por inteiro. É essa vibração que me acorda de manhã, se mantém suave ao longo do dia e é ela que me deixa DESPERTA, consciente, VIVA AWAKE. Blessings..."

 

. . .


"Falar sobre flor de lótus de mil pétalas, o centro do sahashara é totalmente supérfluo, pois é meramente um conceito filosófico. Não existe nenhuma experiência, pois isto é UM SEM UM SEGUNDO, isto é Samādhi." Carl Gustav Jung
 

UM... em pleno êxtase... no "aqui e agora" sentindo o chacoalhar. 

O motor suave no coração... In Sweet Nectar.
 

Soraya Maia

Śaktipāta , The ablaze wheel of ultimate consciousness

Setembro de 2021

 

O śaktipāta é o surgimento de um insight preciso na natureza da realidade.

Existem nove tipos de śaktipāta, porque os três tipos de "intenso", "médio" e "suave" são novamente multiplicados por as três variantes de "amplificado", "intermediário" e "reduzido". Os últimos níveis de realização, estão livres de karma e existem logo abaixo do Universo Puro, onde tudo existe como uma fase de consciência divina. Porém a mais elevada iniciação (śaktipāta) é feita por meio da descida do Poder de Śiva-Śakti, da descida direto da fonte, do universo.

Como acontece a iniciação, o despertar da essência através do śaktipāta? Alguns Mestres de linhagens diferentes dizem que o ciclo de sofrimento mundano (saṃsāra), onde sua raiz é a própria ignorância, existe unicamente devido à falta de discernimento. Você consegue remover essa ignorância somente através do surgimento do śaktipāta. Śiva-sūtra ensina que “ignorância” é qualquer tipo de conhecimento que não ilumina inteiramente a realidade daquilo que está para ser conhecido.

 

“Aquele que conhece esta Semente do Coração como ela realmente é, e fica imerso nela, é verdadeiramente iniciado por meio dessa imersão apenas e se torna liberado enquanto vive, enquanto parece existir como qualquer pessoa comum”. Abhinavagupta

Abhinavagupta, da linha Kashmir Shaivism explica como é acontece os tipos de śaktipāta:

“A Mais Alta Divindade, como um jogo para esconder sua verdadeira natureza, torna-se uma alma presa (paśu), um indivíduo (pudgala), uma consciência individuada (aṇu), e ainda não há contradição com sua verdadeira natureza em manifestar-se dentro das divisões de espaço, tempo e particularidade. Da mesma forma (ou seja, como um jogo independente), quando pronto para encerrar a ocultação de sua verdadeira natureza e experimentar o retorno a essa verdadeira natureza instantânea ou gradualmente, ele é chamado de alma individual que é um recipiente adequado para śaktipāta. E Ele é o Supremo Śiva (em todo este processo), cuja essência é simplesmente sua autonomia radical: Aquele que faz com que o Poder “desça". Mas para quem (ainda) deseja gozo, isso depende do Karma. Agora, a Descida do Poder recebido por alguém que deseja desfrutar de uma forma sobrenatural (em outro mundo) ocorre através  de outros poderes divinos: Rudra, Viṣṇu, Brahmā, e assim por diante, seres que ocupam cargos dentro do reino de realidade diferenciada e que são dirigidos pela Vontade da Mais Alta Divindade. Tal śaktipāta concede vários outros frutos por exemplo, discriminação entre a alma (puruṣa) e a faculdade de discernimento (buddhi), entre a alma e a materialidade (prakṛti), entre a alma e o limitado poder de ação (kalā) e vincula a pessoa à experiência (bhoga) em um Nível da Realidade (tattva) abaixo de “Śiva-Śakti”. Abhinavagupta

 

Uma coisa por si só marca um Guru: sabedoria que é habilmente posta em prática. A variação na capacidade de conhecimento verdadeiro visto em vários gurus é devida unicamente à força de seu śaktipāta. A iniciação por meio da descida do Poder de Śiva concede discernimento.

O que é a verdade? Quem conhece essa verdade? Devido a ter esses pensamentos, por meio da intuição ou da companhia de amigos (inclinados à espiritualidade), alguém concebe o desejo de se aproximar de um professor. Assim, porque ele possui esse desejo, ele encontra um professor. E (o professor), pela gradação específica de śaktipāta com a qual ele próprio é dotado, é auto-aperfeiçoado ou liberado através da prática refinada. Estas são as variedades de iniciação: do discurso (do guru) de estar em companhia (com ele), de um olhar compassivo, de uma escritura, por meio de uma transferência (de śakti), dele mostrando a prática básica, do poder místico do mantra ou mudrā sagrado, por um destes ou por todos eles.

 

“Assim como a Mais Alta Divindade, através da liberdade desenfreada de seu próprio Ser, pode ocultar sua glória, da mesma forma ela será inevitavelmente revelada também.” Abhinavagupta

 

O que garante a verdadeira liberação é o insight daquilo que deve ser conhecido sem limitação. Mokṣa (liberação) também chamada de “awareness ou despertar” é a sua natureza real, infinitamente livre já existente. Ela não precisa de um nome técnico como “iluminação”, pois não é algo a ser tocado ou ser alcançado, é exatamente quem você é, só é preciso acender totalmente a chama da sua verdadeira natureza. E para isso é preciso você compreender humildemente que a sua visão da realidade é lamentavelmente incompleta. E na visão tântrica, em todas as escrituras sagradas é descrito que a visão incompleta é a causa do ciclo de sofrimento, e a visão plena é a única causa de Mokṣa.

A única causa da liberação é o INSIGHT na verdadeira natureza da realidade. Quando você remove a ignorância (crenças firmemente sustentadas que estão fora de alinhamento com a realidade quanto na incapacidade de ver o que é verdade) surge automaticamente o insight.

A Mais Alta Divindade, a Luz da Consciência é a fonte última de vivacidade. Você não pode ver sua natureza essencial como pura Consciência, quando você busca seu "verdadeiro eu", nunca o encontrará. Só quando você estiver completamente desarmado de todas as suas estratégias e tiver relaxado totalmente todo o seu apego a si mesmo, você entrará no modo mais natural de ser simples, então mesmo que você não possa ver sua verdadeira natureza, você é ela.

Se conscientizar que existe o céu e que nele existem várias formas de clima, que seriam os sentimentos e pensamentos e que eles vem e vão. Assim como as ondas, o mar pode aparecer algumas ondas, pode estar flat ou pode ter um Swell, o mais importante é surfar as ondas, assim como as experiências, elas vem e vão. Você precisa dar mais atenção ao céu do que o clima do tempo naquele momento, como também dar atenção e se conectar com o mar e você aprende lentamente a estar liberado em sua verdadeira natureza.

 

A consciência é imutável, e no que vem e no que vai o mais importante é você conseguir descobrir o que resta disso tudo. O verdadeiro "insight" é quando você consegue ver toda a realidade através do seu SER que é imutável.

 

"Em contraste com um yogin, que não pode conceder os frutos da prática, mas apenas ensinar os meios (para alcançá-los), o Guru superior do conhecimento é aquele que pode apontar os meios e pode libertar um. ”  Abhinavagupta

A última fase mais elevada da realidade é Śiva-Śakti e Abhinava explica que esta é a meta em seus textos, da forma mais amorosa possível e simples. E somente quando um iogue se torna totamente indiferente ao exercício do poder (seja ele qual for e em qual área for) sobre os outros, é que ele é finalmente liberado e pode então libertar os outros. E esse śaktipāta é causado pela graça (anugraha).

Anugraha é algo impossível de se colocar em palavras, somente sentido através da transformação do iogue com sua percepção e experiência da graça divina universal gradualmente ou pode ser experenciado totalmente sendo assim capaz de compreender plenamente a graça e o conhecimento supremo.

 

Anugraha é aquele exato momento, naquele “aqui e agora”... é Śiva-Śakti...

Soraya Maia

Śiva-Śakti, The Sweet Nectar

Setembro de 2021

O Divino é celebrado como Bhairava, as escrituras dizem que a ativação desses poderes em aspectos maiores e menores se deve inteiramente ao Poder de Sua Liberdade. Que acabam dando origem a inúmeras formas diversas da Consciência Divina Una. Abhinavagupta explica as muitas formas e aspectos do divino que são adorados em várias linhagens tântricas.

“Bhairava é Aquele que se manifesta naqueles yogins cujas mentes saboreiam o estado meditativo que 'devora o tempo', isto é, aqueles que (centrando sua atenção na meditação) murcham o Princípio do Tempo (kāla-tattva) que impele os corpos celestes (nakṣatras). Bhairava denota a Realidade que eles experimentam naquele estado de consciência pura.

Ele é chamado de Bhairava, pois Ele é verdadeiramente impressionante (bhīma) em sua capacidade de quebrar o ciclo de saṃsāra. Ele é considerado o Um Herói, o Casal, o Poder Triplo, o Eu Quádruplo, aquele que tem Cinco Formas, ou Seis Aspectos, ou Sete, ou Oito, ou Nove. Ele que tem os poderes das dez direções e as onze energias (kalā), e como Bhairava, o Senhor da Grande Roda dos doze raios. Pois o "corpo interior" do Único Senhor que é Consciência é inspiração intuitiva (pratibhā). Ela é venerada como a ‘Roda das Ondas da Consciência’ (em qualquer uma das duas formas): pacífica, quiescente e ilimitada ou em uma (forma) limitada e diferente.” Abhinavagupta

 

O corpo interno da consciência divina é o poder da consciência intuitiva, é a sua inspiração criativa, a sua sabedoria instintiva (Pratibhā). A Grande Deusa é o núcleo interno da divindade masculina Śiva, ela aparece na roda final das ondas da consciência. Quem busca a liberação consegue visualizar a Deusa em uma forma pacífica, doce e ilimitada, e também de uma forma feroz para um propósito específico e limitado.

 

Abnavagupta explica que O Divino, a Realidade última, é simultaneamente imediatamente aparente e ainda velado. E todo ato sexual procriativo de dois humanos inteiros e em equilíbrio dinâmico recapitula o ato divino da criação (e recriação eternamente surgindo) do universo:

 

“Tudo o que existe expressa a natureza da Deusa, que é a base imaculada do Poder absoluto, de onde emanam todas as formas específicas de poder e energia e para onde elas retornam. Todas as coisas e estados são aspectos da única Luz da Consciência que surge continuamente em um jogo dinâmico que expressa a intuição criativa daquela Luz em seu modo autoconsciente. Deus é aquele que dá unidade e coesão a todos os diversos poderes (śaktis), fornecendo estrutura para o dinamismo de fluxo livre da Deusa. A Divindade última, a Realidade última, é a fusão desses dois (Deus e Deusa, coesão e dinamismo) como o dois-em-um paradoxal: a realidade conhecida como o Coração (hṛdaya) ou a Essência (sāra), para toda a criação flui dele. Este Coração, quando penetra e permeia todos os níveis de nossa encarnação, é experimentado como insuperável néctar - doce alegria e vida eterna.” Abhinavagupta

 

Um Verso (Tantra) de Kashmīr:

“Então aquele grande, permanecendo completamente silencioso, lançou um olhar cheio de imediatismo para a atmosfera superior. Pelo poder de seu olhar, a Palavra Suprema não localizável que é uma com Śiva emergiu de sua morada, os céus mais elevados. Ela se articula como os vários níveis de representação culminando na palavra falada, mas transcende a totalidade desses níveis. Ela está livre da necessidade de qualquer substrato, e é Ela a quem chamamos de Bhairavī, sua natureza não localizável. Porque Ela concede, eternamente e sem divisões, a experiência de o deserto supremo sem necessidade de uma morada fixa, aquele estado que é a própria Bhairavī, livre de todos os obscurecimentos, ela também é conhecida como Selvagem. Através da maravilha e deleite da Experiência Direta constante, e devido a devorar todas as formas de experiência limitada, para aquela pessoa rara que conhece a verdadeira natureza do Ser e assim permanece sempre satisfeito, com a mente encantada, na vida cotidiana, a Paz Suprema brilha.”

 

No “aqui e agora”, In Sweet Nectar... In Śiva-Śakti.

Soraya Maia

Sweet Wild Motor

Outubro de 2020

Seres realizados tem absoluta presença, amor é iluminação.

O amor não é uma questão de estar amando alguém, é uma questão de SER amor. Quando nos tornamos amor, somos amor, vibramos amor e compartilhamos...Flui..Samādhi.

A energia do amor é algo como um motor suave e selvagem no coração e na alma, é som, é mantra, seu sussurro doce produz poesia melodiosa... 

 

Soraya Maia

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Alchemical Journey

Fevereiro de 2020

Carl Gustav Jung explica o ser inteiro através do processo de individuação e o objetivo final desse processo é a chegada ao SELF (centro da personalidade), se realizando como individualidade.

 

Quando dois inteiros se encontram e se unem para caminharem juntos, já passaram pelo retorno à sua fonte interna sozinhos e integraram o seu feminino e masculino dentro de cada um, cada um com sua inteireza, ou seja: INTEIRO.   

Essa união de dois seres inteiros, despertos é descrita por Abhinava Gupta no corpo sutil através do canal central como a tríade de fogo, sol e lua. Conhecida na literatura tântrika como as "três luzes" ou o "resplandecer triplo" (tri-dhãman), referindo-se ao canal central, ao lado direito e ao lado esquerdo da coluna vertebral.

Que são os três canais ou nadis mais importantes: Susummã (Fogo/coluna), Pingalã (Sol/lado direito) e Idã (Lua/lado esquerdo). Os nadis idã e pingalã ondulam para frente e trás, no lótus do coração fica a semente da chama da Kundaliní, assim como o Sol (pingalã) torna manifestos os objetos para nossa visão, a Lua (idã) é a luz da consciência que torna manifesto os objetos em nossa existência.

Quando o prãna se desloca, a energia das respirações fundem-se em um momento de simultaneidade atemporal e de repente surge o canal central, ele é um canal místico e quando a energia (prãna) se move ali dentro, vai até o chakra da cabeça, essa é a unidade de Sol e Lua, masculino e feminino em união, ou seja UM.

 

Depois da conexão feita esse canal central sutil é compartilhado pelas duas pessoas, onde a vibração do amor circula e é sentida, se compartilha o karma, e se queima esse mesmo karma, mantendo o canal limpo, a energia dos dois vira UMA, viram UM.

Esse canal místico, é associado ao nome de “conhecedor”, quando nos tornamos consciente desse canal, podemos transmutar as vibrações de algum momento difícil e limpar as energias, pois sabemos que o que estamos vivenciando naquele exato momento (seja você ou o parceiro) o outro também vai sentir como uma energia vibracional (sombra), mesmo sem ele estar ali naquele "aqui e agora".

E o mesmo acontece quando estamos em êxtase e felizes o outro também sente essa vibração da luz. Ser conhecedor desse canal que surge nos ajuda a equilibrar estados de sombra e luz, isso porque compartilhamos tudo através desse canal, até mesmo quando comemos um doce gostoso e sentimos prazer ao saboreá-lo.

 

Carl Gustav Jung descreve essa Jornada Alquímica em um de seus textos:

“Os estados de êxtase dependem da intensidade da luz e esta depende da transformação do fogo, há infinitas formas de êxtase, porém a mais elevada e profunda é a Tântrika Alquímica. O verdadeiro êxtase é alcançado quando homem e mulher fazem essa alquimia através do fogo inspirados no amor consciente.” Carl Gustav Jung (The Psychology of Kundaliní Yoga, Notes of Seminar Given in 1932).

 

Colocar em palavras o que se experimenta no estado de percepção cósmica não é uma tarefa fácil mesmo para um Mestre e Psicólogo como Carl Gustav Jung.

Depois de sua viagem para a Índia, ele apresenta seus estudos sobre o Tantrik não-dual nesse seminário de 1932 que depois foi publicado em inglês onde descreve a subida a cada Chakra através do processo de individuação e ele também descreve o processo da kundaliní no homem e na mulher pela alquimia do amor consciente. Jung deixou para nós assim como Abhinava Gupta e outros Mestres, uma doce explicação sobre os Tantras (Versos) e sobre a jornada da alquimia.

 

A energia sentida no canal sutil, a energia evolutiva do amor consciente é algo como um pas de deux cósmico, uma dança cósmica a dois...

Soraya Maia

Realms of Bliss, Realms of Light

Janeiro de 2020

Nossa mente é como um cavalo selvagem. Para estar em completa presença e viver consciente a mente funcional precisa ter sido gentilmente treinada e amavelmente disciplinada quando se aprende a meditar. Temos que aprender a descartar nossas presunções, a observar cuidadosamente o que está acontecendo ao redor e dentro de nós, e depois entregar nossas várias histórias distorcidas sobre a realidade à própria realidade.

 

O caminho, a jornada é muito sobre desenvolver uma visão clara sobre cultivar a habilidade de ver as coisas pelo que realmente são.

Carl Gustav Jung descreve sobre o Chakra do coração (anahata):

"Como também vi pela experiência prática, anahata seria um centro de consciência, de sentimentos e pensamentos, que podem ser exalados pela respiração. Pois os sentimentos também saem pela respiração, você pode expressá-los, pressioná-los e sai o sentimento na forma de som. Esse era o método original de chamar os deuses. Veja bem, esse é um tipo de sentimento consciente e expressão de pensamento. O eu está apenas começando a ser visível a partir do anahata." Carl Gustav Jung

Abhinava Gupta descreve o retorno à fonte como uma união de masculino e feminino, ele é a luz da manifestação (prakasa) e ela é a bem aventurada consciência (vimarsa) e quando unidos, Ele é o poder iluminador da consciência que se manifesta e brilha e Ela é o poder pelo qual essa mesma consciência se dobra em si mesma e se torna autoconsciente e assim pode se deleitar. 

Gupta fala ainda que podemos existir na luz pura e clara da consciência mesmo na rotina do dia a dia, o coração do Ser é como o aroma de uma flor, a essência é sempre presente e óbvia. Ele descreve essa natureza última e a chama de "Parã Vãk":

"Parã Vãk é a própria essência da realidade suprema que permeia todas as coisas e que está eternamente em movimento criativo: ela é simplesmente a consciência luminosa pura, vibrando com a maior sutileza (como a base de todo Ser)." Abhinava Gupta

 

Mas existe uma longa jornada interna para acessar os Deuses. Algumas pessoas sentem o retorno à fonte através de um despertar muito intenso com a energia disparando da coluna vertebral com ondas de felicidade e vibração no corpo através dos chakras podendo alcançar o topo cabeça e outras pessoas sentem esse mesmo retorno de uma forma muito sutil que é quase imperceptível.

A diferença é simplesmente que algumas pessoas estão no caminho mais tempo que outras e seu anseio seja consciente ou inconsciente se tornou cada vez mais intenso e assim quando as condições estavam certas desencadeou um despertar mais intenso que nas outras. Mas o despertar é o mesmo em ambos os casos, colocando a pessoa irrevogavelmente no caminho para a integração total com a realidade divina. 

Por mais desafiador que o caminho possa ser, é um processo de expansão de volta à plenitude de sua natureza divina, que é o objetivo do caminho, sua natureza última que já existe, o Todo dentro de si mesmo.

A consciência pura, nunca está totalmente parada, existe um movimento sutil, uma ondulação requintadamente doce...

Soraya Maia

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Soul Journey

Junho de 2019

No Rig Veda fala sobre o despertar da energia da Kundaliní (Ser ou essência) que uma vez despertada inicia o processo de evolução espiritual em um ritmo acelerado. Apesar da essência ser uma presença invisível, é um fogo vivo e misterioso que se move como luz, muitas vezes passivo e outras ativo alternando em plena harmonia, o Rig Veda chama de dias (desperto) e noites (adormecido) de Brahmân e quando inicia o período de atividade acontece a expansão da sua essência.

 

Geralmente muitas pessoas não notam a experiência do Ser, porque o nosso condicionamento não nos ensina a valorizar este momento.

A meditação diária faz você mergulhar em seu corpo e fora da sua mente, a corrente e as ondas te levam para onde você está destinado a ir. Assim a duração deste momento aumenta de meio segundo para vários segundos e cada vez mais, então sentimos a vibração inata do ser.

 

Verso de Abhinava Gupta que fala do Despertar da Essência:

“A realização quando ocorre é apenas "realização" aos olhos de um observador, é simplesmente uma vida bem vivida. E, na visão não-dual, qualquer vida em que alguém conhece o ser e simplesmente permite que ele dance da maneira dele, é uma vida bem vivida, mesmo que essa vida não implique conquista, realização ou reconhecimento de acordo com a vida e os valores culturais dominantes da época.

O mundo inteiro brilha aqui dentro do Ser, assim como uma criação complexa aparece em um único espelho. Entretanto, a conscientização articula e toca o universo de sua experiência de acordo com o sabor (rasa) de sua própria autoconsciência - nenhum espelho pode fazer isso.” Abhinava Gupta

Quando você atravessa a porta e se entrega nessa jornada, experimenta sua essência (Ser) e integra essa experiência contínua, as vibrações são tão claras quanto a respiração e assim acontece a realização.

O nosso corpo se torna todo o universo, a alma se torna consciência e passamos a experimentar o Ser Inteiro em pleno êxtase a todo momento...

Soraya Maia

Kundaliní, a energia evolutiva do ser humano

Janeiro de 2019

Kundaliní é a energia evolutiva do ser humano, a energia cósmica que transita entre os chakras e a manifestação dessa energia é chamada de vibrações (chaitanya). A plenitude, autorrealização está diretamente ligada com o despertar da Kundalini. Quando despertada, essas vibrações sutis podem ser percebidas como uma suave brisa fresca saindo do osso do topo da cabeça. 

Esse êxtase de estar pleno, autorrealizado, pode ser sentido através dessas vibrações também pelo corpo através dos chackras, como já explicado em artigos anteriores. Êxtase vem do grego e significa: estar fora de si mesmo, portanto sujeito em objeto é Samādhi. Quando você atinge a superconsciência, quando você desperta seu Guru interno, você é uma luz para si mesmo.

 

Meditar é estar em contato com a sua presença. Quando você olha para a mente, não é a mente se olhando, é o poder da consciência que abraça a mente. A mente liberta flui para qualquer estado, libertação é poder estar aberto e acolher o que surgir em vez de controlar. Quando vivenciamos isso ficamos livres e compartilhamos essa liberdade com os outros, se libertar da mente condicionada abre o caminho para a força vital se expressar espontaneamente. 

A verdadeira escolha reside numa camada diferente, isso é atitude, ou seja a escolha de como vemos uma situação específica. Podemos comparar a atitude como o Leme de um barco, se você modifica um pouco o leme, não vai fazer uma grande diferença no momento exato, mas vai fazer uma grande diferença durante uma vida toda. Quando acontece primeiro a mudança interna, aí a mudança externa aparece, você modifica o leme da sua vida, seu NORTE.

 

Para transcender a mente, a consciência é momento a momento ao estado da energia. É você prestar atenção a mudança das suas energias, observar apenas cada estado energético com a atitude de uma criança, percebendo a mudança ao longo do dia e cada transição é um chamado para você estar presente, desperto.

O amor é a única porta de acesso ao infinito que habita em nós, a Kundaliní é como os raios do Sol, é luz da Lua com brilho intenso e poderoso. Tem que sentir os raios e a luz até encontrar a sua fonte, essa é a unidade. Esse caminho é só para aqueles que começaram a caminhar, chegam a superfície e querem mais, aí então você vai ter a experiência do SER INTEIRO. 

Soraya Maia

The Creative Power of Awareness

Julho de 2018

Carl Gustav Jung vê no despertar da kundaliní o despertar dos deuses, o início da relação ego-Self.

Para iniciarmos este processo temos de ressoar com o Self e só depois do enraizamento em solo pessoal (muladhara) pode-se iniciar a relação com os deuses, o ego começa a perceber um poder além dele mesmo e entra em contato com a dualidade da psicologia humana.

O despertar da Kundaliní é o objetivo de qualquer prática do yoga e das disciplinas espirituais, é basicamente tântrico em sua origem e age através da união da psique com a matéria e da mente com o corpo físico, tendo a transformação da personalidade em um sentido evolucionário de supraconsciência.

 

Jung explica alguns detalhes da súbida da Kundaliní pelos Chakras:

"Os símbolos dos chakras nos proporcionam um ponto de vista que se estende além do consciente, são intuições sobre a psique como um todo, sobre suas várias condições e possibilidades. Eles simbolizam a psique de um ponto de vista cósmico.

Vivemos em muladhara, pois estamos emaranhados nas causalidades terrestres, dependentes da nossa vida consciente como ela realmente é, e condicionados por ela. Muladhara é a consciência total de todas as experiências pessoais externas e internas. Ele significa a força da consciência, o poder da vontade, a capacidade de se fazer o que se quer fazer.

...o sol à tarde está ficando velho e fraco e, portanto, afunda no mar ocidental, viaja por baixo das águas (a viagem noturna no mar), e se ergue de manhã renascido no leste. Assim, o segundo chakra poderia ser chamado o chakra do renascimento. Uma centelha que guia, algum incentivo que o força através das águas e em direção ao próximo centro, esta centelha é a kundaliní, algo absolutamente irreconhecível, que pode aparecer talvez como medo, como uma neurose ou como um vívido interesse, mas é algo superior a sua vontade. Caso contrário você não passa por isso, você vê o leviatã e foge, mas se esta centelha viva, este impulso, esta necessidade o pega pelo pescoço, você não pode voltar, você tem que enfrentar a música.

 

Após ter caído no inferno e ter enfrentado um redemoinho de paixões, instintos e desejos, pode vir a descoberta de uma essência impessoal. O ser então pode perceber que não precisa estar identificado com seus desejos ou medos.

Você agora é parte daquilo que não está mais no tempo, no espaço tridimensional, você pertence agora a uma ordem das coisas tetradimensionais, onde o tempo é uma extensão, onde o espaço não existe e o tempo não é, onde só há duração infinita, eternidade. Purusha é visto pela primeira vez em anahata. É a essência do Homem, o Homem supremo, o assim chamado Homem primordial. Este é o primeiro pressentimento de um ser dentro de sua existência fisiológica, ou física, que não é você mesmo. Um ser no qual você está contido, que é maior e mais importante que você, mas que tem uma existência inteiramente psíquica.

...Nós ainda acreditamos em um mundo material construído de matéria, força física, etc. E nós ainda não conseguimos conectar a existência ou substância psíquica com a ideia de qualquer coisa cósmica ou física. Nós ainda não achamos a ponte entre as ideias da física e da psicologia.

Este (vishuddha) é o mundo das ideias abstratas e dos valores. O mundo onde a psique existe em si mesma, onde a realidade psíquica é a única realidade, ou, onde a matéria é somente uma fina casca em volta de um enorme cosmos de realidades psíquicas. A matéria é a borda ilusória ao redor da existência real, que é psíquica.

... a ideia da transformação dos elementos mostra a analogia do Yoga Tântrico com nossa Filosofia Alquímica Medieval. Lá se encontram exatamente as mesmas ideias: a transformação da matéria bruta na sutil matéria da mente, a sublimação do Homem. O carbono do corpo humano é simplesmente carbono, no mais profundo de si mesma, a psique é o universo.

Se você atingiu este estágio, você deixou anahata. Você teve sucesso em dissolver os fatos materiais externos e os fatos internos ou psíquicos, tornando-os uno. Você começa a considerar o jogo do mundo como seu próprio jogo. As pessoas que aparecem fora são representantes da sua própria condição psíquica. O que quer que aconteça com você, qualquer que seja a experiência ou aventura que você tenha no mundo externo, é sua própria experiência.

Ajna é o estado de consciência completa, não só de autoconsciência, mas uma consciência excessivamente extensa que inclui tudo, a própria energia. Em tal consciência extensa todos os chakras seriam simultaneamente experenciados, porque este é o estado mais alto de consciência, e ele não seria o mais alto se não incluísse as experiências anteriores.

Falar sobre flor de lótus de mil pétalas, o centro do sahashara é totalmente supérfluo, pois é meramente um conceito filosófico. Não existe nenhuma experiência, pois isto é UM SEM UM SEGUNDO, isto é Samādhi." Carl Gustav Jung

Carl Gustav Jung foi beber da mais rica fonte tântrica que foi o grande Mestre Abhnava Gupta da linha Kashmir Shaivism. E ele ensina que a natureza indestrutível de toda a coleção de Princípios da Realidade (tattvas) é simplesmente o Eu, pois eles tem o Ser como sua natureza essencial.

"A experiência espiritual é o que chamamos quando a Realidade Divina que ansiamos espontaneamente se desdobra dentro de si, sem um processo de pensamento, subitamente subordinando quem você pensava ser - o que acaba sendo um mero reflexo no 'espelho' de sua real natureza e continuamente revelando graus cada vez maiores dentro da abundante pureza de seu sagrado Coração. Sua natureza (dharma) é simplesmente o Eu, é ensinado, cuja consciência é inundada com o néctar imortal (atmã) de Śiva. O verdadeiro insight (jñāna) tem sua morada na Luz da Consciência (prakāśa), no Centro (madhya) entre o Ser e o Não-ser, entre o sentimento e a ausência do sentimento, e entre todos os outros pares de opostos. A Deusa aparece em muitas formas, pois há muitos Poderes de Consciência, todas essas formas são válidas, mas sua natureza última não é abrangida por nenhuma conceituação humana. Śiva só pode ser acessado através de uma das muitas formas de Śakti. Embora os 'rostos' do Divino, ou os métodos para acessá-lo, sejam muitos, ele permanece Um e indivisível (anaṃśa)." Abhnavagupta 

Sob um céu de núvens e trovoadas, sol e lua, a grande Deusa faz sua dança cósmica em pleno êxtase...

Soraya Maia

The lótus of Kundalini

 Julho de 2018

Carl Gustav Jung fez várias interpretações sobre os Upanishads e o Rig Veda e entre 1930 e 1932 apresentou alguns seminários: "A interpretação piscicológica da Kundaliní Yoga" onde Jung explica as interpretações simbólicas dos chakras e estabelece um encontro entre o sistema de chakras e a Psicologia Analítica. Ele explica a Kundaliní como fonte de representação simbólica da experiência interna e do processo de individuação.

Segundo Carl Gustav Jung, a Kundaliní é representada como uma serpente que fica adormecida no chakra Muladhara, sendo ela uma manifestação no microcosmo da energia primordial do universo. E quando ela é despertada sobe pelos nadis, por onde circula a força vital.

Existem mais de 72 mil nadis, porém 3 são os mais importantes: Ida (energia da lua e representa o poder feminino), Pingala (energia do sol e representa o poder masculino) e Sushumna (um canal neutro, é por onde a energia da kundaliní sobe até o topo da cabeça, onde se localiza o sétimo centro psicoenergético, sahashara). Esse é o caminho secreto por onde podemos transcender a dinâmica das correntes psicoenergéticas: Direita (energia masculina, da consciência) e Esquerda (energia feminina, a Kundaliní que é a manifestação primordial do universo) e entrar na plena união do feminino com o masculino.

 

"Os símbolos dos chakras nos proporcionam um ponto de vista que se estende além do consciente, são intuições sobre a psique como um todo, sobre suas várias condições e possibilidades. Eles simbolizam a psique de um ponto de vista cósmico." Carl Gustav Jung, The Psychology of Kundalini Yoga - Notes of Seminar Given in 1932.

 

Jung faz um único comentário sobre Sahashara: "... falar sobre flor de lótus de mil pétalas, o centro do sahashara é totalmente supérfluo, pois é meramente um conceito filosófico. Não existe nenhuma experiência, pois isto é UM SEM UM SEGUNDO, isto é Samādhi."

Você só caminha num caminho para descobrir o que já é verdade. O caminho todo precisa ter a motivação do puro desejo. Quando você medita, entra no estado de transe e vem a paz. Ai você sai desse estado e fala: "caramba, eu quero voltar a ter paz".

Esse é o propósito da jornada, percorre o caminho e volta. Ai você vê a verdadeira mente, isso porque temos que sair do templo interno para poder apreciar ele, meditar é estar em contato com a sua presença.

Acordar, é momento a momento. É como estar caindo de um avião e que não tem terra para cair, não tem chão, você sente que não está caindo, está flutuando...

Os átomos semente da Kundaliní dentro do nosso coração, são como os raios do sol, a fonte do poder da luz divina. Prana é a supraconsciência divina, quando temos acesso ao nosso Guru interno, não precisamos de nenhum Guru externo, é algo como: "Oculto-me no amanhecer da sua presença..."

Soraya Maia

The Flow of Lótus 

Março de 2018

De acordo com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, PhD e professor da Universidade de Chigago, que desenvolveu o conceito de FLOW nos anos 70 para designar as experiências de fluxo na consciência fala que é uma motivação completamente focada. É uma imersão obstinada e representa talvez a melhor experiência em aproveitar as emoções a serviço da performance e da aprendizagem. No fluxo, as emoções não são apenas contidas e canalizadas, mas positivas, energizadas e alinhadas com a tarefa em mãos. Ser pego no tédio da depressão ou da agitação da ansiedade é ser impedido de fluir. A marca registrada do fluxo é uma sensação de alegria espontânea, até de arrebatamento, durante a execução de uma tarefa, embora o fluxo também seja descrito como um foco profundo em nada além da atividade, nem mesmo a si mesmo ou às próprias emoções.

Aspectos: Concentração intensa e focada no momento presente, fusão de ação e conscientização, uma perda de autoconsciência reflexiva, um senso de controle sobre a situação ou atividade, uma distorção da experiência temporal, experiência da atividade como recompensadora intrinsecamente. Mihaly afirma que esses aspectos podem aparecer independentemente uns dos outros, mas apenas em combinação eles constituem uma chamada experiência de fluxo.

Mas, esse estado de FLOW que vai evoluindo é uma das conquistas dentro do processo alquímico e existe no Budismo, taoísmo, hinduísmo e no kashmir shaivism que relataram a evolução desse estado com outros nomes: êxtase, nirvana, Samādhi, ou experiência da kundaliní. Assim como o Psicólogo Carl Gustav Jung explicou em seus 4 Seminários apresentados em Zurique: "A Interpretação Psicológica do Kundalini Yoga" em 1932 que logo depois virou livro. Em 1938 Jung viaja para a Índia e continua suas pesquisas sobre a consciência a convite do Governo Britânico e sendo nomeado presidente do congresso internacional de Psicoterapia em Oxford e membro da real sociedade de medicina.

E nesse olhar Junguiano FLOW é um espaço onde os opostos se fundem, que transcende a mente dualista, onde o ego se dissolve e você fica imerso, mergulhado no que quer que você esteja fazendo tem a experiência de prazer, nirvana, Samādhi ou êxtase.

A consciência se manifesta através da criação, quando estamos nesse estado ele vai evoluindo até entramos no êxtase da dança do universo, só existindo nesse momento o "aqui e agora"...

Soraya Maia

O Florescimento da Consciência 

Março de 2018

Alquimia é um processo de transformação da psique que unifica o Self (Si-Mesmo) que é o centro ordenador e unificador da psique total (consciente e inconsciente).

Quando a consciência dissolve-se e descansa no eu real, a cessação ou dissolução da mente pensante resulta em um estado de paz e quietude. Bem diferente dos estados de quietude que resultam de sedação, este é um estado de ser pacífico, porém acordado e consciente. A dissolução da mente é acessar o vazio quando se está completamente "acordado".

O despertar se faz pela vibração sutil chamada chaitanya que nasce na parte superior do corpo, na cabeça ou no coração (as duas coroas) em um entrelaçamento de duas rodas formando um símbolo do infinito. E essa vibração é sentida tanto no coração como no topo da cabeça, e é ela que leva o coração a expandir e tocar as esferas do indizível, Samādhi. 

É quando treinamos a nossa mente para ouvir a nossa essência, assim como fala o tratado alquímico taoísta da ioga chinesa "Tai Ging Hua Dsung Dschi" traduzido e com considerações do Psicólogo Carl Gustav Jung e do Sinólogo Richard Wilhelm em: "O Segredo da Flor de Ouro, um livro de vida chinês" em 1929:

"...um corpo saudável e resistente, que possa suportar uma grande metamorfose. O sábio chinês diria que quando YANG alcança sua força máxima nasce em seu interior a força do YIN, pois ao meio dia começa a noite e YANG se fragmenta, tornando-se YIN. As figuras inconscientes não aparecem de um modo abstrato, despojadas de todo ornamento. Pelo contrário elas são entrelaçadas num véu de fantasias de um colorido surpreendente e de uma perturbadora plenitude: Lisa é a água do mar e a lua se espelha em sua superfície, apagam-se as nuvens no espaço azul, lúcidos cintilam as montanhas, a consciência se dissolve em contemplação."

Jung explica sobre a Realização (Plenitude ou Samādhi):

"Tudo aquilo que se torna consciente é imagem e imagem é alma, não sou eu que vivo, mas sou vivido. Em certo sentido, trata-se de sentir que somos substituídos, sem ser destruídos, é como se o rumo dos assuntos da vida se deslocassem em direção a um lugar central e invisível, como a metáfora de Nietzsche: "Livre na mais amorosa das prisões."

O olhar daquele que atinge a realização se volta para o esplendor da natureza. Todo processo se realiza no plexo solar, o desfecho da meditação leva necessariamente à dissolução de todas as diferenças numa realidade última e vital, sem dualidade, retorna ao UNO (prana), o TAO. O coração fica entre o Sol e a Lua, entre os olhos, na sala purpúrea da cidade de jade mora o Deus da vitalidade. Quando se é capaz de uma completa tranquilidade, o coração se manifesta por si mesmo. Quando a lua de prata se acha no meio do céu e se tem a impressão de que a grande terra é um mundo de luz e claridade, isto é o sinal que o corpo do coração se abre para a lucidez, de que a flor de ouro desabrocha, o Sol se põe na grande água..." 

Vibrar é entrar na liberdade da alma, na essência de tudo que forma o cosmo...

Soraya Maia

Nas ondas da Economia Criativa, dos Novos Criativos

Fevereiro de 2018

A Criação é o universo cósmico dentro de cada ser humano, mas para navegar nas ondas desse mar é preciso coragem que significa agir com o coração, para despertar. 

Uma das principais apostas da nova economia, a "criativa", pede que "os novos criativos" criem coisas inovadoras transformando as empresas e nos transportando para uma nova era onde as palavras-chave serão: criatividade e inovação. Para vivermos numa sociedade mais colaborativa, criativa, amorosa e sustentável.

John Howkins no livro The Creative Economy, define Economia Criativa: “atividades nas quais resultam em indivíduos exercitando a sua imaginação e explorando seu valor econômico. Pode ser definida como processos que envolvam criação, produção e distribuição de produtos e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos”.

Segundo a Unesco, o setor da economia criativa se tornou uma poderosa força transformadora pois além do crescimento, é também uma das áreas mais rentáveis de geração de renda, empregos e exportação.

Nada mais pleno do que enfim chegar a grande era da "consciência cósmica", assim como Shiva que vem para destruir a era antiga, logo depois Bramá para recriar o universo e chega Vishnu, aquele que se move nas águas infinitas e assopra a concha para que possamos ouvir o som para manter esse novo universo o "Om". 

A mesma transição, alquimíca que Carl Gustav Jung explica como Samādhi, a comunhão com o universo.

Soraya Maia

Plenitude aos olhos de Carl Gustav Jung

Dezembro de 2017 

Jung definiu como INDIVIDUAÇÃO o processo onde o ser humano chega ao autoconhecimento, através do contato com o seu inconsciente pessoal (integrando as sombras) e o inconsciente coletivo. E o objetivo final desse processo é a chegada ao SELF (centro da personalidade), se realizando como individualidade.

Mas esse processo é muitas vezes doloroso e o terapeuta tem que estar atento a cada passo desse caminho trilhado pelo paciente. É através da libertação do EGO, tomar consciência é essencial para se chegar ao SELF, para ter uma personalidade integrada e equilibrada. É tornar-se um ser único, uma singularidade profunda, é a totalidade psíquica do ser humano no processo de integração.

"...o processo de individuação é, psiquicamente, um fenômeno-limite que necessita de condições especiais para se tornar consciente. Talvez seja a primeira etapa do caminho de uma longa evolução que deve ser percorrida por uma humanidade futura..." Carl Gustav Jung; A natureza da psique.

O resultado desse processo, união dos opostos unificada faz o ser humano equilibrado, profundo, indivisível, tornar-se UM. E Jung, explica esse processo de INDIVIDUAÇÃO nos seus seminários em 1932 com o tema: "A Psicologia da Kundaliní Yoga". Só é possível esse caminho de autoconhecimento e autorrealização (individuação) através do sistemas de Chakras que Jung explica que são as camadas psíquicas da consciência até o topo da cabeça.

Samādhi ou individuação pode ser explicado como meditação completa, onde se atinge depois do processo todo a suspensão e comunhão com o universo. E esse caminho não tem um fim, é um processo de evolução, como uma grande onda e depois vem outra e mais outra e mais outra...

Soraya Maia

Diferença entre Coaching e Mentoring 

Setembro de 2017

Coaching é aplicado através de técnicas, onde o cliente é levado a se questionar através de perguntas que o levam direto a uma direção onde visa à conquista de resultados em diversas áreas da sua vida, seja pessoal ou profissional. Geralmente é para quem está PERDIDO, sem um RUMO na vida. Ideal para quem quer despertar habilidades, para quem não sabe para onde caminhar e quem está buscando uma nova direção e ainda não sabe qual o NORTE da sua vida. E para quem tem TEMPO para se dedicar a esse processo que leva um período de descoberta e depois então entrar num processo de MENTORING.

O Mentoring é um processo onde um MENTOR ou MENTORA orienta e compartilha suas experiências e conhecimentos para o desenvolvimento do MENTORADO na sua vida, seja na área profissional ou pessoal. Esses ensinamentos são focados para ele saber ultrapassar as dificuldades e conquistar o equilíbrio emocional e assim poder fazer escolhas conscientes e poder evoluir e viver uma vida Plena.

PLENITUDE é estar alinhado com a sua MISSÃO de vida e seu DOM, sentir prazer no que você faz e trabalha, conectado com a sua essência e vivendo no "aqui e agora" na luz do PRANA. Então o Coaching é para quem quer DESPERTAR HABILIDADES e o Maha Mentoring é para quem quer desenvolver uma mudança interna, uma consciência expandida e assim fazer escolhas conscientes para poder evoluir e viver uma vida plena.

Soraya Maia

On the Waves of Lotus Sahasrāra

Fevereiro de 2011

A experiência do samādhi, é o mesmo que Nirvana, é a consciência de Deus, de Śiva-Śakti.

O amor remove o EGO, na subida da Kundalini quando atinge o Ajna Chakra, é onde o ego explode em vários pedaços e a experiência da morte, da morte do ego acontece. Quando atinge o cérebro o yogin é separado do corpo e da mente, a alma encontra-se livre.

O medo é oposto do amor, e quando você aprende a aceitar que o medo está ali para nos estimular a vir com ideias criativas para superar esse medo, a luz transmuta a escuridão. E é somente através do Chakra do coração, Anahata que você tem acesso ao universo.

Se você treinar a sua mente a escutar seu espírito a energia, o PRANA flui, mas se você tem medo a situação é bloqueada e ai você não tem acesso aos sentimentos, e quem decide como agir é a mente e não o seu coração. O amor é a inteligência que se conecta à grande sabedoria do universo.

No 3° Olho, Ajna Chakra dissolvem os diversos elementos, do mais concreto ao mais sutil e no final o yogin tem a experiência da união da Kundalini com o ego e com o bija deste chakra, significando a união de Śiva-Śakti e assim, atinge-se Brahma-Randra, deixa-se o corpo físico e mergulha-se em BRAHMAN. E toda a sua história é dissolvida e desaparece, se transforma em compaixão, você volta à essência.

 

Essa união de “Śiva-Śakti”, primeiro é sentida dentro do seu SER, essa dança é interna quando você realiza o processo de individuação sozinho, quando se torna um SER inteiro. E só depois ao encontrar outro ser inteiro, que também passou pelo processo de individuação, pode ter essa experiência da união mística (Śiva-Śakti). E quando dois inteiros estiverem unidos, podem experienciar juntos “Śiva-Śakti”.

Porém na linha Kashmir Shaivism, Abhinavagupta explica que somente a mulher, a parceira é capaz de “Despertar o Śiva” do parceiro e só assim então ele pode ter a experiência e somente assim virarem UM.

 

O que acontece é que os dois reproduzem o ato divino da criação do universo e diante dessa energia a beleza dessa força vital Śiva-Śakti se revela. Śiva é o campo de consciência e Śakti é a dança, eles estão sempre reunidos e não podem se separar, e são retratados como os Deuses do Universo, o masculino e o feminino, Yin e Yang.

 E Jung, também explica essa união mística:

 “O vazio é atravessado pelo brilho do coração celeste...” Carl Gustav Jung

Abhinavagupta, da linha Kashmir Shaivism explica que a kundalini une os opostos, a yoguini (a mulher) percebe depois de um tempo com o parceiro que ele tem potencial espiritual e inicia ele. Essa é a união dos opostos, ai acontece o amor verdadeiro, que é incondicional. E a imagem do casal divino “Śiva-Śakti” quando se unem, é eles voando pelo universo juntos. A deusa é pura energia, o divino, o SELF (DEUS) é completamente transcendente e imanente. Ele ainda fala que Um Tantra é uma escritura sagrada, e tem muitas, porém não existe técnica sexual de tantra, ele explica que as escrituras e versos narram a realização do ato de amor através da união da chama do coração do casal que se amam consciente e fazem daquele ato naquele momento uma meditação, viram UM.

Os chakras movem-se em ondas, as pétalas se abrem nos raios da roda e a energia da natureza divina em êxtase se manifesta. Em ondas como um Swell, o coração é UM com o universo que flui da fusão de “Śiva-Śakti”, o coração incorpora o néctar do absoluto que é onde ele mora. Um dissolver-se na essência, em som, luz e raios... 

Soraya Maia

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